30 de julho de 2011

135 - Raymond Chandler: A dama do lago


Numero: 135
Titulo: A dama do lago
Autor: Raymond Chandler
Titulo Original: The lady in the lake
Tradutor: Ruth Belger
Capa: Lima de Freitas

"O edifício Treloar ficava e ainda fica na Olive Street, perto da Sexta Avenida, do lado poente. Por requisição do governo, andavam a levantar os ladrilhos da calçada, feitos em borracha preta e branca. Um homem macilento, de cabeça descoberta e aspecto de fiscal, vigiava a obra, que parecia despedaçar-lhe o coração"...

147 - Raymond Chandler: O bode expiatório


Numero: 147
Titulo: O bode expiatório
Autor: Raymond Chandler
Titulo Original: Play back
Tradutor: Mascarenhas Barreto
Capa: Lima de Freitas

"A voz que soou ao telefone parecia cortante e peremptória, mas não ouvi bem o que disse - em parte, por estar ainda estremunhado e também por estar a segurar o auscultador ao contrário. Endireitei-o e resmunguei.
Do outro extremo do fio insistiam:
-Está a ouvir? Disse-lhe que sou Clyde Umney... o advogado!
-O advogado Clyde Umney? Não sabia que havia mais advogados!
-É Marlowe, não é?
-Sim. Julgo que sim - olhei para o relógio de pulso. Marcava seis e meia da manhã o que não era a minha hora favorita"...

164 - Raymond Chandler: Ingénua perigosa


Numero: 164
Titulo: Ingénua perigosa
Autor: Raymond Chandler
Titulo Original: The little sister
Tradutor: Mascarenhas Barreto
Capa: Lima de Freitas

"Na vidraça granulada da porta, lia-se, em caracteres negros, «Philip Marlowe... Investigações». Era uma porta relativamente gasta, ao fundo de um corredor também relativamente gasto, e o edifício fora novo no ano em que as casas de banho revestidas de mosaicos se tinham tornado padrão de civilização. A porta estava fechada à chave, mas, ao lado, havia uma outra porta com a mesma inscrição que não o estava. «Entrem... não está cá ninguém a não ser eu e uma enorme mosca varejeira; mas, se forem de Manhattan, no Kansas, não o façam»"...

213 - Raymond Chandler: À beira do abismo


Numero: 213
Titulo: À beira do abismo
Autor: Raymond Chandler
Titulo Original: The big sleep
Tradutor: Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de Freitas

"Eram cerca das onze horas de uma manhã sem sol de meados de Outubro, com prenúncios de chuva forte na claridade das encostas dos montes. De fato azul-esmalte, camisa, gravata e lenço de bolso azuis-escuros, sapatos pretos e peúgas de lã da mesma cor, com pinhas azuis-escuras, era, da cabeça aos pés, o que deve ser um detective particular bem vestido. Apresentava-se aperaltado, limpo, barbeado de fresco e sóbrio, e não se importava que o soubessem. Fazia uma visita a quatro milhões..."

418 - Georges Simenon: Maigret e a morte do perna-de-pau


Numero: 418
Titulo: Maigret e a morte do perna-de-pau
Autor: Georges Simenon
Titulo Original: Félicie est là
Tradutor: Paulo de Mello Barreto
Capa: A. Pedro
 
"Foi um segundo absolutamente extraordinário, visto que, provavelmente, não durou mais do que um segundo, como nos asseguram acontecer com alguns sonhos curtos que nos parecem muito mais longos.
Anos mais tarde, Maigret poderia mostrar o local exacto onde aquilo se produzira, o sítio do passeio onde tivera os pés, a pedra da fachada em que se projectava a sua sombra e poderia até reconstituir não só os mínimos pormenores do cenário mas também reencontrar o odor esparso, as vibrações do ar que lhe retransmitiam o sabor de uma recordação da sua infância"...

397 - Georges Simenon: Maigret e a bailarina


Numero: 397
Titulo: Maigret e a bailarina
Autor: Georges Simenon
Titulo Original: La danseuse du Gai-Moulin
Tradutor: Paulo de Mello Barreto
Capa: A. Pedro
 
"-Quem é?
-Não sei. É a primeira vez que vem cá - respondeu Adèle, exalando o fumo do cigarro.
Descruzou as pernas preguiçosamente, ajeitou os cabelos sobre as têmporas e mergulhou o olhar num dos espelhos que apainelavam a sala, para se assegurar de que a pintura do rosto estava correcta"...

426 - Georges Simenon: Um Natal de Maigret


Numero: 426
Titulo: Um Natal de Maigret
Autor: Georges Simenon
Titulo Original: Un Noel de Maigret
Tradutor: Paulo de Mello Barreto
Capa: A. Pedro

"Era sempre a mesma coisa. Ao deitar-se, Maigret suspirava, prometendo:
- Amanhã, deixo-me ficar na cama até tarde.
E Madame Maigret parecia acreditá-lo, como se todos os anos, passados juntos, nada lhe tivessem ensinado; como se não soubesse que não podia ligar importância aquelas frases que o marido proferia com uma intenção jamais materializada"...

428 - Mickey Spillane: Hood o vingador


Numero: 428
Titulo: Hood o vingador / O regresso do vingador
Autor: Mickey Spillane
Titulo Original: Me, Hood! / Return of the Hood
Tradutor: Almeida Campos
Capa: A. Pedro

Hood o vingador:
"Decidiram abordar-me num bar da segunda avenida, mas esperaram que a sala ficasse despejada da multidão dos que ali tinham vindo cear para fazerem a abordagem, dois parceiros altos e sorridentes de chapéu de aba estreita, ultimo modelo, que ajudava a confundi-los com um certo tipo de jovens executivos"...

O regresso do vingador:
"Newbolder e Schmidt mostraram-se decentes. Entraram, fizeram um aceno de cabeça, sentaram-se a uma mesa com as chávenas de café à sua frente e deixaram que eu terminasse sozinho a minha ceia. Às vezes, uma pessoa não é capaz de suportar a simples presença à distancia dos chuis. Mas, visto que eles tinham dado a entender claramente que estavam a querer fazer contacto sem barulho, não faria qualquer sentido que eu cavasse deles. Um parceiro que tente uma tal coisa. pode ser abatido a tiro. Desde que uma pessoa faça o jogo deles, pode haver uma oportunidade de se safar. Além disso, a Cafeteria era um sítio muito popular e o patrão um parceiro às direitas que não merecia que lhe estragassem o negócio com uma cena de tiros mesmo à hora do grande movimento de clientes"...

408 - Mickey Spillane: O poder da serpente


Numero: 408
Titulo: O poder da serpente
Autor: Mickey Spillane
Titulo Original: The snake
Tradutor: Almeida Campos
Capa: A. Pedro

"Aí vais tu pela rua abaixo. É noite e a chuva cai sem parar. O único som é o dos teus passos. Há também ruídos da cidade, mas esses não os ouves porque no fim da rua está a mulher por quem esperaste sete longos anos e cada pegada abafada dos teus passos leva-te cada vez para mais perto dela, e cada som desses passos marca segundos, dias e meses de espera"...

443 - Mickey Spillane: O bastardo


Numero: 443
Titulo: O bastardo / luz verde para matar
Autor: Mickey Spillane
Titulo Original: The bastard Bannerman / Kick it or kill!
Tradutor: Almeida Campos
Capa: A. Pedro

O bastardo:
"Deixei que o velho Ford deslizasse lentamente pela colina de forma que pudesse observar  a extensão da fazenda Bannerman, aninhada junto da baía, com a luz da lua-cheia a projectar as sombras dos altos pinheiros e a fazer aparecer as colunas da mansão com uma clareza indefinida que as fazia parecer os dedos da mão dum esqueleto"...

Luz verde para matar:
"Uma velha locomotiva de manobras puxou o comboio de duas carruagens desde o entroncamento de Richfield até Lago Rappaho, num pequeno ramal de dezoito quilómetros de extensão. Na época favorável, a viagem poderia ter sido divertida porque as carruagens eram relíquias de uma outra era, mas agora era uma chatice dos diabos. Um pó fino de carvão tinha coberto tudo, pousando-se nos assentos de cabedal como se fosse areia e ficando suspenso no ar de forma que o viajante pudesse tomar-lhe o gosto. O verão tinha já acabado há dois meses e as montanhas e vales lá fora serviam de túnel ao vento frio que soprava do Canadá. A carruagem não tinha aquecimento"...

186 - Hartley Howard: A cinco horas da morte


Numero: 186
Titulo: A cinco horas da morte
Autor: Hartley Howard
Titulo Original: Bowman on Broadway
Tradutor: Mascarenhas Barreto
Capa: Lima de Freitas

"Um destes dias, ainda acabo por largar este oficio! Não oferece o mínimo futuro. Em primeiro lugar, um tipo que acaba de festejar o trigésimo sétimo aniversário deve compreender que o trabalho e o sentimento não são compatíveis, sobretudo quando se trata deste género de trabalho; e, em segundo lugar, que, se continuo a ser sentimental, terei de aprender a tocar harpa, pois precisarei disso para responder às perguntas de São Pedro, quando me apresentar à porta do Paraíso"...

421 - Rex Stout: Terror a prestações


Numero: 421
Titulo: Terror a prestações
Autor: Rex Stout
Titulo Original: In the best families
Tradutor: Almeida Campos
Capa: A. Pedro

"Não era nada fora do vulgar o facto da Sr.ª Barry Rackham ter marcado a entrevista com o dedo a fazer pressão sobre os lábios. Esse gesto não é, de forma alguma, invulgar nas pessoas que se encontram numa situação tal que o melhor meio em que conseguem pensar para sairem dela é marcar uma entrevista com Nero Wolfe"...

409 - Rex Stout: Duplo crime na rádio


Numero: 409
Titulo: Duplo crime na rádio
Autor: Rex Stout
Titulo Original: And be a villain
Tradutor: Almeida Campos
Capa: A. Pedro

Pela terceira vez voltei a verificar as somas e subtracções finais da primeira página do impresso Modelo 1040, para ficar com a certeza de não me ter enganado. Depois rodei a cadeira de forma a ficar de frente para Nero Wolfe, que se encontrava sentado em frente da secretária, situada à direita da minha, a ler um livro de poema da autoria de um tipo chamado Van Doren, Mark Van Doren. Por isso pensei que também eu poderia utilizar uma palavra poética.
-É desolador - pronunciei"...

425 - Rex Stout: O tigre macabro


Numero: 425
Titulo: O tigre macabro
Autor: Rex Stout
Titulo Original: Prisoner's base
Tradutor: Mascarenhas Barreto
Capa: A. Pedro

"Na casa de Nero Wolfe, de pedras castanhas da West Thiryfifth Street, nessa tarde de segunda-feira de Junho, a atmosfera estava deveras carregada. Não me refiro a isso para sublinhar o mau temperamento habitual de Wolfe, mas pelo facto de ser esse ambiente hostil que imperava na casa, quando entrou nela uma hospede inesperada.  O que tinha desencadeado a tempestade fora um comentário de Nero Wolfe, proferido três dias antes. Todas as sextas-feiras de manhã, quando desce do seu viveiro de plantas, no último piso, para o escritório, no piso térreo, assina os cheques referentes aos salários de Fritz, de Theodore e meu. Entrega-me o meu, em mão própria, mas conserva os outros consigo, pois gosta de pagar a cada qual pessoalmente"...

28 de julho de 2011

064 - Dashiell Hammett: Estranha maldição


Numero: 64
Titulo: Estranha maldição
Autor: Dashiell Hammett
Titulo Original: The dain curse
Tradutor: Wilson Velloso
Revisão portuguesa: Lima de Freitas
Capa: Cândido Costa Pinto

"Era um diamante autêntico, a brilhar na erva, a uns dois metros de distância da parede de tijolos. Pequeno - não pesaria mais do que um quarto de quilate - e desmontado. Coloquei-o no bolso e comecei a examinar o relvado tão atentamente quanto possível.
Já havia inspeccionado um ou dois metros quadrados de terreno quando se abriu a porta da frente da casa dos Leggetts"...

047 - Dashiell Hammett: A chave de vidro


Numero: 47
Titulo: A chave de vidro
Autor: Dashiell Hammett
Titulo Original: The glass key
Tradutor: Sílvia Mendes Cajada
Revisão portuguesa: Maria Antónia Gomes de Oliveira
Capa: Cândido Costa Pinto

"Os dados rolaram sobre a mesa verde, chocaram ao mesmo tempo com o rebordo, e saltaram para trás. O primeiro parou logo, mostrando seis pontos brancos em duas fileiras iguais no lado superior. O outro foi violentamente arremessado para o centro da mesa e veio a estacar com um único ponto branco em cima.
Ned Beaumont resmungou baixo - «Uhn» - e os que ganhavam tiraram o dinheiro da mesa"...

215 - Peter Cheyney: Duelo na sombra


Numero: 215
Titulo: Duelo na sombra
Autor: Peter Cheyney
Titulo Original: Dark duet
Tradutor: Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de Freitas

"O gabinete era um aposento pequeno e quadrado, num terceiro andar da Golden Square. Sombrio e despretensioso, mobilado com moveis banais, o ficheiro metálico dava-lhe uma sugestão de eficiência.
Do lado de fora, entre o gabinete e o corredor, havia um aposento ainda mais pequeno, onde dormitava, com um vespertino na frente, um homenzarrão de ombros quadrados e ar truculento, chamado MacMurray, o qual desejava que Fenton fosse para casa"...

152 - Dashiell Hammett: O homem sombra


Numero: 152
Titulo: O homem sombra
Autor: Dashiell Hammett
Titulo Original: The thin man
Tradutor: Almeida Campos
Capa: Lima de Freitas

"Encontrava-me encostado ao balcão de um bar-restaurante na Rua 52, esperando por Nora que andava a fazer as compras do Natal, quando uma rapariga se ergueu de uma mesa onde havia estado sentada com mais três pessoas e se aproximou de mim. Era alta e loira e, quer lhe observássemos o rosto quer o corpo, metido num vestido de sport azul, o resultado era satisfatório"...

257 - Peter Cheyney: Perigo entre espiões

Numero: 257
Titulo: Perigo entre espiões
Autor: Peter Cheyney
Titulo Original: You'd be surprised
Tradutor: Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de Freitas

"O relogiozinho da chaminé bateu sete badaladas. Acendi a luz e vi-me ao espelho alto, existente entre as janelas, enquanto pensava: «Bem Júlia, apesar de estarmos em tempo de guerra e de o Splendide se encontrar cheio de correspondentes de guerra, não vejo motivos para não te apresentares o melhor possível. No fim de contas, até os correspondentes de guerra têm, de vez em quando, de desviar o pensamento do seu trabalho»"...

126 - Peter Cheyney: Interlúdio negro


Numero: 126
Titulo: Interlúdio negro
Autor: Peter Cheyney
Titulo Original: Dark interlude
Tradutor: Almeida Campos
Capa: Lima de Freitas

"Shaun Aloysius O'Mara aproximou-se, aproveitando a sombra do muro baixo que delimitava a pequena igreja. Saltou desajeitadamente o muro e começou a andar atravez do adro em direcção do majestoso cedro.
Estava calor. O sol caía impiedosamente sobre a terra onde não corria a mais leve aragem. O'Mara tropeçou e caiu, praguejando horrivelmente. Viu por cima do ombro a pequena figura do cura com o seu hábito escuro, a sotaina brilhante, a face magra e branca"...